domingo, 7 de setembro de 2025

Minha Janela Livro 24 de Arolo Historiador

 Minha Janela


Poesias


Ateu Poeta/ Amadeu Nuvem/ Aroldo Historiador


1

MINHA JANELA

Quero a imagem à margem do meu ser
O frio da minha janela expulsa as quimeras do mundo
Esse verde sopro de vida desafoga o torpor
Ao topo do esplendor em prazer profundo

Como é linda a minha serra!
Terra da qual sinto saudade
Só em casa sigo em paz
Até as estrelas soam diferente no meu céu

A lua canta em seu altar sem coronel
Liberdade é poder ficar
O resto é insanidade
Sede a saciar

Pra que me preocupar com repentinos cartéis
E concatenações de dicotomias cruéis?

Ateu Poeta
26/08/2014

2
AFORISMO DE CERVANTES

Trânsito na cidade...
Onde transita a felicidade?
Aonde andará o meu amor
Que aqui no peito não habita?

Nem sei mais se era bonita
Ou se a solidão distorcia
Tudo que via e senti
Aferi que era sincero

Será que até eu menti para mim?
E se não era tão austero assim?
Porque às vezes a mente se confunde
E se ilude até o fundo do abismo

Será a vida um aforismo de Cervantes
Ou os moinhos fruto do ostracismo?

Ateu Poeta
20/06/2014

3
POETOGRAFIA

Minha pluma é poetográfica 
Mais que o bailado de Luma 
Arisca grapiúna num céu de condor
Suas dores são amores

Suas lágrimas, louvor
Bálsamo íntimo de simbolismo
Lirismo da angústia
Da esgrima e sangue saem as letras

Que aliteram minha vida 
No violão ou ar da serra
Mar, aurora e luar
No canto da primadona

Tece a vida salutar
Do lobo no seio do horizonte

Ateu Poeta
21/06/2014

4
PRAZER E DELÍRIO

Mirantes de desejo e frenesi
Cada curva esconde 
Prazer e delírio
Esse corpo é formosura em si

Lábios de carmim e fissuras
Misturam-se em teu camarim
Que visito em sonhos
De risonhos rouxinóis e tamborins

Teu requebrado febril
Torce o pescoço da avenida
Bandolins aos bandos pelo Brasil
A música em teu seio é vida

Os lírios da praça
Transformam-se em jasmim

Ateu Poeta
20/06/2014

5
O QUE É POESIA?

O que é poesia?
Verve que vive na veia
Ave que vem no rabo da sereia
É condor e gaivota

Maiêutica diáfana
Que agiota não vê
Coruja a caçar
Rapinando a sinfonia

Harmonia no bailar da anestesia
Antítese, artimanha, sinestesia
Os olhos de mar daquela guria
Na aquarela do sonhar

Voar de pé no chão
Porque nenhuma agaiola prende a aliteração

Ateu Poeta
18/06/2014

6
EU ODEIO INGLÊS

Não sei vocês, mas eu odeio Inglês
E até mesmo essa obrigação
Os sábios não eram poliglotas
Qual o problema do meu Português?

As lorotas surgem em gringuês
Até novas crises de lajotas
Janotas, névoas de pomponês
Outros eufemismos de Varjota

Agradam-me algumas canções
Na língua do Poeta Imortal
Mas, suplantar o meu idioma
É um axioma mais do que brutal

Não sei vocês, mas eu odeio Inglês
Não sei vocês, mas eu odeio Inglês

Ateu Poeta
29/12/2014

7
 O AVIÃO DOS IDIOTAS

Perto do louco
O doido é são
Como um idiota
Querendo dar extrema-unção 

Em um ateu
Dentro de um avião
Seria a estupidez suprema
Uma conversão no céu

Se lá é o quartel
Para onde os tolos querem voltar
Os sábios sabem o simples
Sempre estivemos lá

Quando acolá é aqui
Pra que irei andar

27/12/2014

8
EMBOLADA DO ARIGÓ

O deputado se faz de coitado
Ficou muito danada
Foi parar no xilindró
Pouco depois foi liberado
Pois tem bom advogado
Que em toda lei dá nó

Mas vá você que já tá lascado
Fazer algo errado
Lá nos cafundó
Pra ver se não vai engaiolado
Ver o sol quadrado
Até doer o mocotó

Você trabalha o ano inteiro
Mas, não tem dinheiro
Para comprar um paletó
Vende o voto para ver se a coisa engrena
Mas, daí, vira gangrena
O que veio vira pó

Todo dia olha para o céu
Reza à espera de um milagre
Mas, o padre manda derramar o seu suor
E ainda cobra por isso, sem compromisso
Deixa você liso
E com a cara de bocó

Você vive assombrado com feitiço
Mas, não larga o seu vício
Para poder passar melhor
O que faz a carne ficar fraca
Surge feito coisa ingrata
Fará você ficar pior

Superstição só lhe torna adestrado
Pobre, lerdo e abestado
Com medo de ficar só
Sonha tanto em mudar o mundo
Que sempre foi moribundo
Com cara de jiló

Mas, ninguém pode por nos dedos
Os segredos de Saturno
De uma só vez
Muito menos dominar os seus anéis
Domar cartéis e quartéis
Sai pra lá, seu arigó!

Ateu Poeta
19/12/2014

9
UM MINUTO

A vida não é mais 
Que um minuto na sinapse
Síntese, sinopse, sintagma do caos
Magma diagonal no cais

Eflúvio da ânfora lateral
Caverna digital
Suborno soturno eleitoral
Corvo em voo noturno

Euforia de condor
Trovador no dilúvio
Regaço na ribalta
Aquela estrela alta irá cair

No seio do furacão
A radiação explodirá o olho do Sol

Ateu Poeta
15/12/2014

10
LÍBERA ADICÇÃO

O lucro está acima da razão
Prazer e satisfação
Suplantam a saúde
Há sempre uma nova latitude

Supernova de transeuntes

Mentes em plena expansão
Universo em verso uníssono
Superlativo da contradição

Liberdade cativa

A adicção deturpa
Destrói por corrosão
Deixa turva a visão

Que adianta a queixa 

Sem a gueixa da disposição?

Ateu Poeta
15/12/2014

11
CURTA METRAGEM

A flor do teu sorriso
Aflora em meu coração
É a fuga que eu preciso
Até a próxima estação

O teu corpo faz meus passos
Perderem todo o sentido
No fervor e libido
De um intenso abraço

Esqueço que a morte é breu
Que nos espera no fim
A vida é áspera e ávida
Curta metragem em cartaz

Quem será que dá as cartas?
E quando a manga não tem ás?

Ateu Poeta
15/12/2014

12
PÓ DE DIAMANTE

A saudade surge assim
Com uma pressão constante 
Que estraçalha diamante
Até reduzi-lo a pó

Furacão frio e voraz
Sua velocidade feroz 
Fere a fera mais atroz
Cada ato atado a nós

Impossível desamarrar
Que será de mim, poesia?
Ainda bem que estás aqui
Para minha dor derramar

Semeando esta folha em branco 
Que em teu canto já foi mar

Ateu Poeta 
07/12/2014

13
A SAUDADE MATA

Teu sorriso de aquarela
Sempre impera em meu olhar
Acalma todas as quimeras 
Do meu coração

A verdade é que a saudade

Mata mais que a solidão
Corrói o juízo
Altera o mundo

Alitera a fundo o fio da razão
Quem diria que toda a solidez
Um dia veio do fluido em acidez
Do gás, do átomo da matéria?

Mas, isso não interessa a nenhuma artéria
Minha mente tem pressa

Ateu Poeta
06/12/2014

14
ÂNFORA DE BLUES

Não tenha medo de ser feliz
Hoje o mundo está por um triz
Amanhã já será tarde demais
Um mortal na ânfora do jamais

Meu amor, não finja que não me quer
Solte o desejo que aflora
E que à sua cabeça devora
Dê-me seu beijo carmim-amora

Não se perca em via qualquer, mulher
Venha pronta para o que vier
E se der, não esqueça de mim
Miosótis afora no jardim

Blues sob o céu de alcaçuz 
Flor de Lis entre rosas azuis

Ateu Poeta
05/12/2014

15
SILÊNCIO A GRITAR

Quem se impõe pelo grito
Decompõe o tom de poder calar
Pois desconhece som e foz
Que não seja a própria voz

Aprende a ser atroz
Quando não pode ser astro
Estrelas somem atrás do Sol
Como atriz que brilha

Pelo estribilho de um triz
Entre três penas
Um blues de poemas perdidos
No infindo azul do céu

Cara carapaça de cachecol
Caracol de carroça ante carrocel

Ateu Poeta
01/12/2014

16
DEMÊNCIA

A sociedade precisa ser demente
Senão a mente trava na razão
Não haveria museu nem coleção
Se não fosse o T.O.C. e a própria compulsão

O trabalho jamais acabaria
Sem a imensa euforia bipolar
Num peito tão obsessivo
Com a incontrolável hipocondria de tratar

Assim como o terror da balaclava faz lutar
O pior pode despertar
Uma pseudo liberdade 
Sem a qual a sanidade sumiria pelo ar

Ninguém se preveniria
Sem conhecer as mania de azar

Ateu Poeta
01/12/2014

17
MARESIA MAGMÁTICA

A lava é leve e livre
Livro, lei
Eleva e destrói
Lobianco silvo de algoz

Vermelho e feroz
Num céu de Vulcano
Cinza mortalha estendida
Ceifa seiva, selva e lida

Comprida cadeia
Ânfora que aflora
Onde outrora foi mar
Violenta jactância

Que fecunda a terra com ardor
Sem a doce dor de amar

Ateu Poeta
01/12/2014

18
LIMBO

Não há limbo
No sistema límbico
Plano cartesiano do erro
Cartago e piano que aqui não está

No córtex frontal
Esconde-se a fonte
Da inexistente alma
Que afronta a razão

A própria mente é ilusão
Dos filamentos em êxtase
Raios neurais sem maestro
Sinapses naturais

Não há nada artesanal no ser humano
Mas, sempre caímos no engano de humanizar

Ateu Poeta
01/12/2014

19
OS SINOS DA INDECISÃO

O risco invalida a recompensa
Viver de aparências não é para mim
Onde vêem final enxergo começo
A sentença não toca um bom tamborim

Um para sempre sempre vira adeus
Aos olhos de Zeus outro deus é seu fim
Não há quintessência, só muito cinismo
Os sinos badalam pra levantar Caim 

O deus-dará não dá nada a ninguém
Pra pouco vintém só vem promessa ruim
Quem se apressa demais perde o que tem
Sem olhar pra traz esquecerá de alguém

A indecisão joga tudo pro ar
As coisas do mundo não podem parar

Ateu Poeta
01/12/2014

20
GELO E CRISTAL

Meu coração é de cristal
E já se partiu 
E já se quebrou
Não faz mais canções de amor

Quem já se feriu
E já se cansou
Tem razão de não querer nada igual
Pois a vida não é carnaval

Não uso máscara na ribalta
E não sigo ritual
Se não puder me dar companhia
"Não me tires a solidão"

Ela é mais sólida que o teu beijo
E teu tênue desejo sem direção

Ateu Poeta
01/12/2014

21
FUNIL

Sou ser da bola azul oval
Que gira em elipse espiral
Nos confins do espaço sideral
Ao redor de uma vermelha massa de hidrogênio

Ligações de carbono e oxigênio
Todos os astros são planetas
E graças aos cometas
Foi que a vida surgiu

Não valorizamos o que temos
Tememos o que somos
Comemoramos as comédias que cometemos
Nós vivemos por um fio

A existência não é mais que um pavio
Essência e chama do funil 

Ateu Poeta
01/12/2014

22
VENTO E VIDRO

Poesia verde da mata
Viço e vício que mata
De vez é vento veloz
Madura estrada feroz

Fere o âmago mais firme
Com fineza sublime
Deixa até cicatriz
Exala acidez

Viuvez da Matrix
Apodrece por um triz
De tristeza contida
Flui na luz da lua

Crua e nua é mulher
Ventre e vidro no caos

Ateu Poeta
29/11/2014

23
ELANE

Elane, não me engane
E não me desengane
A sua perfeição fugaz
Vai explodir meu coração

E vem roubar a minha paz
De que adianta ser
Tão linda e não me ver
Nem me querer

E me deixar na solidão
À sombra da sua canção
Sobrevivendo de ilusão
Desejo e fascinação

Enlouquecendo de paixão
Perdido na multidão?

Ateu Poeta
17/11/2014

24
CÉREBRO POSITRÔNICO

Cérebro positrônico
Robô astronômico
Existe um medo tão real
De tudo que é eletrônico

Analógico e virtual

A inteligência artificial nos rege
Seja retrógrado ou herege
Nesse mundo digital

São tantos vírus cibernéticos

Epidemia global
A radiação mais cancerígena
Torna a vida mais nociva

Mas, também tecnológica

Conforto e lógica capital

Ateu Poeta
17/11/2014

25
PARLENDAS

O mau fazendo o bem é mais benquisto que o bom
Como se a bondade fosse dom
O tom dado por alguém
É complicado distinguir o que brilha

Do que refrata e translucida
Nenhuma farroupilha elucida
Nesses tempos de ilusão
Vivemos de escuridão e medo

Segredos, vivendas, parlendas
Mitos, mentiras e lendas
Não há diferença
Tantas sentenças ao contrário

Fundamentalismo arbitrário
Que não sabe ler nem contar

Ateu Poeta

15/11/2014

26
PRELÚDIO

A música só é completa com poesia
Barítono, contralto, soprano, tenor, e alto
Adágio, andante passant, allegro con grazia e pianíssimo
Piano de cauda, violino, flauta transversal, contrafagote e oboé

Funk, tango, salsa, merengue e lambada
Forró, arrocha, maxixe, country e valsa
Kuduro, rebolation, frevo, street e capoeira
Samba, reggae, soul, rock e gafieira

Jazz, dança do ventre, indiana, cigana e tribal  
Punk, perreo, balé, blues e mambo
Atabaque, agogô, viola, pandeiro e berimbau 
Violão, pífano, sanfona, gaita e lira

Soneto, sonata, serenata, saudade e sinfonia
Orquestra, drama, trama, seresta, maestro e prima donna

Ateu Poeta
10/11/2014

27
CORAÇÃO DE VELUDO

Seria o amor serena flor que desabrocha
Para o Sol se por ao meio-dia?
Uma paixão fria e perene
Náu à deriva

Bote sem leme
Barco sem vela
Corrente, algema e prisão
Canção, erudita na massa

Saudade que não passa
Eterna ilusão
Garoa que grita
Em um coração de veludo

Nudez, sobretudo
Medo, mundo e mudez?

Ateu Poeta
10/11/2014

28
PAIXÃO SOLAR

O mundo é vazio sem o seu olhar 
Não quero ser tão frio sem saber lutar
Sem você nada tem razão
Nenhuma ilusão pode consolar

Espelhos de sedução
São suas íris a brilhar
Mais bela que Ísis 
Exerça o seu lugar

O meu coração só sabe cantar
A mesma canção 
Sem refrão sob o luar
A fascinação vira paixão solar

Pegue a minha mão 
Então, vamos dançar?

Ateu Poeta
07/11/2014

29
CÁLAMO DE CARMIM

Qualquer palavra é mais bonita
Proferida por uma bela voz
Calefação numa boca de carmim
De mulher vivaz veloz e decidida

Calafrio e faz calor
Teu seio tem sabor de arrebol
Em um mundo mais azul
Imerso em cada verso do sol

Foz de flor no vendaval
Plumas campari na tempestade
A poesia parte o silêncio na metade
e segue sem freio a cantar

Sempre fere novos papiros
Adere aos doces delírios de calados cálamos em Catar

Ateu Poeta

06/11/2014

30
BEIJO E BATOM

Beijo, boca, batom
Aquele tom de vaidade
Frenesi nos bares
Luzes e luas da cidade

Variedade de desejos
Prédios, perigos, diversão
Insanidade
Corpos requebrantes a bailar

E mais variantes
Sonhos, solidão, sopor
Sobra torpor
Sem supor sobriedade

Todos procuram felicidade
E guardam no bolso a saudade

Ateu Poeta
06/11/2014

31
SIAMÊS DE SILÍCIO

Sinapse, sinopse, sinos, sinais sine qua non 
Incide inside, insight 
Calíope, Calipso, Calixto
Dara, dera, Dira, dora, dura, dirá

Karen, querê-la, querela
Cara, cera, cira, cora, cura, será?
Tarso, terço, tirso, torso, toco torto toco, torço
Massa, messa, missa, mossa, Mussa, moça moca, macaco, Mococa    
Márcia, Mércia, Mírcia, morsa,mercê, merci
Marco, março, maço, maçom 
Dom, Doom, do, dawn 
Two, tiu, til, to you

Síntese, sintaxe, sintático, sintético
O meu silêncio não é simples siamês de silício

Ateu Poeta
04/11/2014

32
FLOR DO MEU MUNDO

Quero teu caos
Medos, anseios, segredos
Desejos, sorrisos e olhares
Vagar por todos os mares

Acordar cedo ao teu lado
Emplumando este sonho alado
Entrego aos teus cuidados
Todo o meu coração

Só não podes transformá-lo em brinquedo
Quero fazer do teu jogo canção
E do fogo paixão
Porque esta sede cresce feito cedro

Sobre um campo de paz, seda e veludo
Mais do que sede, és a flor do meu mundo

Ateu Poeta
31/10/2014

33
MINHA ESTRELA GUIA

Você acelerou meu coração
Valeu a pena viver
Volte logo para mim
Pois, já chega de sofrer

Para que cultivar saudade
Vaidade de ilusão
Que vira insanidade
Nostalgia em ação?

Por isso peço, não vá
Venha correndo me ver
Por amor ou caridade
Para a felicidade florescer

Seja noite ou dia, apareça na multidão
Estrela guia que irradia minha fria solidão

Ateu Poeta
29/10/2014

34
LADY KATE

Não consegue entrar pra real society 
Quer ser socialite
Mas não sabe o que é light
E nem o que é diet

É mantida por um senador
Contrata até um instrutor
Agora que saiu da rua
Segue a moda e tira onda de perua

O seu grande dom é mesmo rebolar
Vai na passarela que é hora de brilhar 
Então, se vira e roda a bolsinha
Roda a baiana e ajeita a calcinha

"Força na peruca"
"Força na peruca"

Ateu Poeta
28/10/2014

35
CATRINE

O que é igual cansa até na cama
Miragem de maminoramas
Múltiplos mutantes, nenhum jasmim 
Mil variantes de mim

O mundo não é virtuoso e virtual
Universo de hologramas da caverna digital
Vinte e duas gramas no sinal espectral 
Paralaxe fractal de fliperamas

Desejo é o doce beijo do vazio
Num dia frio sonhando com o mar
Tiro de fuzil no estio 
Promessa e pressa de poder amar

Catrine, nem tudo está na vitrine
Desafie o destino. Não desafine

Ateu Poeta
21/10/2014

36
O NÁUFRAGO

Somos todos náufragos
Sem sombra de lucidez
Que a cada mês
Vivem dois dias ou três

Não há fera aquática

Nessa jangada à deriva
A tática é pescar
E não pescar

A morte não é sorte, é vão

A felicidade é só paliativo
Para a esquecer a verdade
Vaidade é ilusão 

Paixões que vem e vão 

À beira do vulcão

Ateu Poeta
19/10/2014

37
LIPOFOBIA

Vigorexia, ortorexia, anorexia sintomática
Matemática sistemática eremita
Angiografia, jejum, o estresse mata
Virgens que não comem nada, nem a nata

Gastronomia obesa
Mostre modos à mesa
o mito agora é profano e secular
Arritmia agorafóbica da agonia

O mal do mundo é anomalia
A Somália passa fome
Não pode desfrutar 
Do fruto proibido que à libido está

Os pecados capitais já foram prazeres
Bem-vindo ao século da hipocondria bipolar

Ateu Poeta
13/10/2014

38
ARTE DE PRETO E DE BRANCO

Capoeira é de preto e de branco
É de tapuia e tupi
É de Pastinha e Bimba
De Ganga Zumba e Zumbi

Capoeira é do frevo o fervor
Maculelê, Maneiro pau
Mãe da dança de rua
Se o berimbau chamar eu vou 

É de malandro carioca
Zé, Besouro e Saci
Hulk, Madame e Manduca
É de lá e daqui

Capoeira agora é mundial, ela é de todo mundo
É minha arte marcial e tenho orgulho profundo

Ateu Poeta
13/10/2014

39
BALÉ NO ARREBOL

Minha vida é um buquê de axiomas
Com intrigas e aromas de porquê
Não me conforta qualquer razão
O próprio paradoxo paira em contramão 

O novo é tão ortodoxo quanto a imensidão da dúvida
E só cai feito luva onde não há mão 
Que me importa criar panteão
Se não consigo achar a porta do teu coração?

Teus lábios, labaredas, labirintos
Se forem sábios corintos a me acolher
Tanto faz se há colher em tua Matrix
E quais flores resolvas colher

Seremos simbiose de lirismo ao sol
Sonata e balé no arrebol

Ateu Poeta
13/10/2014

40
SONATA DE ILUSÕES

A vida não é uma trilogia franquiada 
Escrita por Moros, Caos, Nix e mazelas 
Controlada pela tesoura e linha das moiras
Lida pelo olho de Hórus em aquarela

Mas, mero molho misturado sem hespérides
Sopa elemental de hidrogênio sem Idun
Ligações carbônicas sem deus algum
Inequações astronômicas sem quimeras

Caverna sem Platão, fogo ou maçã
Taberna sem Ditirambos
Revés de funk em tango
Bela sonata de ilusões

Aprimorada e destruída pelo oxigênio
Sem nenhum gênio ceifador

Ateu Poeta
08/10/2014